sábado, 6 de março de 2010

PROXIMIDADES

Não morreu já?
Sim, sim; parece que foi ontem mesmo, lembra?
Antes ou depois do sol?
Tanto faz... por quê?
Nem sei exatamente bem se é isso que você quer, mas, por enquanto, acho que ainda temos chance de insistir um pouco... é que sempre existe uma coisa que dá um ar bom pro que se pensa querer...
Por quê? Estás tentando me ofender?
Não, não... apenas tenho uma fome preambular...
E o que fazes aqui então?
Ora, busco privilégios...
Seja mais claro...
Por quê? O que estás querendo, afinal?
Bem, desse jeito vou ficar pensando que você está querendo parecer mais ingênuo do que precisa...
Ah, tudo bem... mas que tal celebrar ostras?
No seu lugar, eu iria até ali...
Fazer o quê?
Estou sabendo bem de tudo o que trazes por dentro, está bem?! (Pausa brevíssima) Não quero nada de irritação por hoje, porque assim o mar está calmo, o céu tem uma cor que não é desagradável e, lá fora, já avistei tantas coisas que podem ser úteis...
Bem, percebo que ultimamente estás bem bestinha...
Ah... pare com isso, porque não chegarás a lugar nenhum só tentando...
Você realmente pensa que sou convicto?
Claro que sinto um latejar de deus vago...
Estão venha sentir meu sangue um pouco, porque assim meu alívio não será só um vão oco...
Pare já com isso, pq estás querendo demais!
Exatamente aonde vais?
Vou ali no céu ver fogos explodindo perto de aves metálicas, tá?... e não venha de nenhum modo tentar prever o que acontece depois...
Achei que não fosse plausível imbecilizar tudo assim tanto...
Hahahahahaha Quando começaremos com fogo?
Minha sensação de desafio parece ter chão?
Desde quando futilidade tem lastro?
Bem, acho que agora vamos celebrar algum tipo de alimento.
Pare de comer um pouco! Queres exatamente não caber mais?
Nada disso... só tento apenas não ver uma hipótese.
Por isso vale-se de brasas para aplausos?
Dentro da minha cara, o que estás vendo?
Pare com isso... evito jogos...
Já perdeu muito?
Apenas tenho senso de ânsia...
Tome seus remédios, sem ver muito. Assim, teremos convicções boas...
Ai, ai, que tenho fome...
Mastigue um pouco, então...
Ai, ai... às vezes você parece brasa...
Obrigado... só quero dourar fatos...
(Pausa)
É que sinto proximidades boas, sabe?
Sei, sei...
É...(afirmativo vago)
(Pausa)
É uma coisa de ouvir um som querido longe...
Hummmm...
(Pausa)
Vamos ler?
Sim!
(Um tempo comendo livros)
Queres mais Anas?
(Negaçao cefálica) Mercedes comprou uma foto porque não sabia o tom do mar.
(Pausa breve)
Ora (irritado), disso já sei...
(Pausa breve)
É melhor irmos pra peixes...
(Pausa)
Lateje, vamos, lateje!
Sei, sei... queres coisas...
(Pausa)
Claro, sempre tanto quanto algo que pisa.
(Pausa reflexiva)
Algum tipo de vencer Freud?
Você realmente acha que brasa vai?
(Pausa)
Chega, chega! Nao tenho paciência tanto assim pro que é ruim...
Semelhante a uma dor de estômago?
Sou mais de azia, porque é mais natural...
Ai que o tempo tem uma luz assim de se acompanhar de perto, em detalhes.
Cale a boca um pouco para introduzirmos coisas mais finais. (pausa breve). Por exemplo: quando você vai num lugar, você especifica detalhes...
Sim, qualquer um faz isso...
É, nada disso é uma diferença válida.
(pausa)
Vamos ler mais?
É preciso mesmo? (pausa) Tenho coisas acontecendo... quero começar a falar...
Sim, mas já não morreu ontem?
Não, nada disso. Quem disse que ontem estava ali?
Freud foi feliz. Jung entrava numa cebola. Quando fostes ver Tom Waits?
És mais idiota do que a crença de que algo vai adquirir consistência por mero pretexto.
(Pausa longuíssima, um pouco triste)
Nasci perto de uma fonte.
(Pausa)
Tá.
(Pausa)
Era tudo meio azulado.
(Pausa)
Tá.
(Pausa)
Por quê?
Não, não tenho tempo agora. (pausa) Não consigo falar caminhando. Não posso. Não posso.
Oi?
Oi?
Sim!
Oi!
Estamos próximos!
Sim, bem ali é perto. Tão pertinho ir indo. Quando se está, chegou.
Chega. Não me faça agora descobrir maiores dons.
Dogmas antecedem fatos?
Tenho um cão. Na alma, schnauzer sorri?
Por quê?
Ele tem um perto. Mesmo em qualquer sexo. (Pausa) Está próximo de um bom. Acolher-se é uma simplicidade. Próximos, estamos quentes. Queremos um que bom de tudo bem sempre. Tanto.
Você é um drama; queres uma escada?
Desabo com arcanjos.
Já sei... não temos chance.
Estamos próximos?
Onde, onde?
Cale a boca! Cale a boca mesmo, e só fale para quando um sorriso vem perto.
Isso é uma ameaça?
(Pausa)
Sua mágoa corrói a distância dos pontos. Eles se afastam tanto, e eu fico sem culpa. Na realidade, é tão perto, tão perto. Mas não alcanço.