terça-feira, 2 de novembro de 2010

SMOKING

@lord_myron

Liberdade...
Liberdade...
Liberdade...

Estar livre é poder fumar?

Estar livre é ter uma espécie de poder íntimo
de fazer o que se acha melhor?

Ou simplesmente aquela angústia inquieta que
não se dissipa nunca, por mais que se tente?

O dia tem o céu que a noite traz
também indo por um triz embora
na busca incessante do sol.

Dormir é uma liberdade para quem
não precisa acorda.

Amar é uma suspeita de certeza.

Trepar é um retorno à essência –
tanto que daí se nasce.

Comer é uma imposição da
manutenção necessária.

Mas os que comem livres, engordam –
e podem até morrer...

No fim, todos morrem.

E nisso, um labirinto se monta –
e se joga xadrez –
à espreita, à espera.

Existe o mundo que diz o que é o quê:

- qual a boa poesia;
- quanto dinheiro se precisa ter;
- aonde ir e o que fazer quando...

, coisas assim...

Por exemplo:

Aos que fumam,
o vício é prisão.

Claro que têm que dizem:
‘joguei os cigarros fora
e nunca mais fumei...’

Mas num átimo,
aquela coceira louca vem:
e você vai lá – e fuma.

Só que aí, você fumante,
que já não é livre,
tem as mãos duplamente atadas:

Preso pelo vício,
precisa do que não pode,
por ser proibido.

“Fumantes marginais amontoam-se num canto
para morrer um pouco.”

No futuro, pode ser manchete no jornal.

Ou melhor:

“Preso e torturado,
fumante confessa seu crime.”

É claro que ter respeito é bom e eu gosto!

Por isso pergunto sempre:

‘Posso fumar?’