Se houve um tempo em que a literatura desempenhava um papel relevante no sentido de retratar (e, algumas vezes, até de criticar) realidades específicas de determinadas épocas, bem como no que concerne ao quesito entretenimento daqueles poucos abastados que outrora tinham acesso à leitura, vivemos agora um tempo tão incerto quanto híbrido, em que, por um lado, uma pseudo-arte, industrial e pasteurizada, monopoliza a atenção de uma maioria com cérebros de ervilha (sem menosprezo às ervilhas, claro), enquanto que, por outro, uma suposta arte alternativa, orgulhosa por seu vanguardismo tardio, se vangloria por imitar o passado, afogada em seu próprio umbigo – sorrindo, como se segurasse um troféu.
Se sua vida vale um livro, pense em sua morte – e não se iluda: elogios significam pouco. É claro que ninguém mais é bobo – ou prepotente – ao ponto de acreditar em bom e ruim. Convenções, convicções, preferências e conceitos, logicamente, sempre existem. Vide Augusto dos Anjos: ridicularizado em seu tempo e, atualmente, bem mais conhecido que muitos de seus contemporâneos. Mas isso não basta: há o que chamam cânone – e, hoje em dia, a literatura parece viva e morta ao mesmo tempo: de um lado, por exemplo, uma efusiva produção literária na web (que significa exatamente o quê?); de outro, o mesmo dilema oco de sempre: terá Capitu traído Bentinho?
Onde Ginsberg diz “mulheres, parem de ter filhos!”, eu digo, por mais machista que possa parecer, “mulheres, parem de ter filhos!”, e, ainda, “acadêmicos, parem de estudar mortos!”. É que se os estudos literários, tão metodológicos, sisudos e sérios, nem ao menos estão em sintonia com seu tempo, e se não se cansam de direcionar com tanto afinco seu foco de estudo ao passado e não ao porvir, que ao menos tenham a incumbência de não repetir obviedades.
Mas não adianta: no churrasco para poucos convidados ilustres, só entro disfarçado de mosca.
Se sua vida vale um livro, pense em sua morte – e não se iluda: elogios significam pouco. É claro que ninguém mais é bobo – ou prepotente – ao ponto de acreditar em bom e ruim. Convenções, convicções, preferências e conceitos, logicamente, sempre existem. Vide Augusto dos Anjos: ridicularizado em seu tempo e, atualmente, bem mais conhecido que muitos de seus contemporâneos. Mas isso não basta: há o que chamam cânone – e, hoje em dia, a literatura parece viva e morta ao mesmo tempo: de um lado, por exemplo, uma efusiva produção literária na web (que significa exatamente o quê?); de outro, o mesmo dilema oco de sempre: terá Capitu traído Bentinho?
Onde Ginsberg diz “mulheres, parem de ter filhos!”, eu digo, por mais machista que possa parecer, “mulheres, parem de ter filhos!”, e, ainda, “acadêmicos, parem de estudar mortos!”. É que se os estudos literários, tão metodológicos, sisudos e sérios, nem ao menos estão em sintonia com seu tempo, e se não se cansam de direcionar com tanto afinco seu foco de estudo ao passado e não ao porvir, que ao menos tenham a incumbência de não repetir obviedades.
Mas não adianta: no churrasco para poucos convidados ilustres, só entro disfarçado de mosca.